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Mostrando postagens de 2025

A Bíblia como espelho da existência

Você não está diante de um manual. Está diante de um espelho. A leitura existencial da Bíblia não procura respostas externas, mas verdades internas. Ela parte da ideia de que os textos bíblicos não foram escritos apenas para serem estudados… mas para serem vividos. Quando nos aproximamos com escuta, algo no texto nos atravessa. Não é mais sobre a vida de Abraão, Moisés ou Maria. É sobre a nossa. Sobre o medo que a gente sente, a culpa que carrega, os recomeços que deseja. Kierkegaard diria que a verdade só é verdade quando é vivida. Tillich acrescentaria que a palavra de Deus não é o que foi dito — mas o que nos atinge no agora. Por isso, ler a Bíblia de forma existencial é deixar-se confrontar. É permitir que a palavra nos leia. Você está disposto(a) a não apenas entender o texto… mas deixar que ele revele quem você está se tornando? Débora Aquino 

O silêncio que revela a fé

Às vezes, a fé não grita. Ela só sussurra. E só quem silencia por dentro consegue escutar. A gente cresceu achando que fé era barulho, resposta pronta, segurança absoluta. Mas há uma fé que nasce no espaço vazio — naquela hora em que não tem explicação, nem garantia. Só o silêncio. Fé não é sempre levantar as mãos e declarar com força. Às vezes é sentar em silêncio e respirar com coragem. Abrir um espaço interior. E esperar. Kierkegaard dizia que Deus fala mais claramente no silêncio. Tillich chamava isso de "o abismo do real": aquele momento em que tudo perde sentido, e mesmo assim você permanece. Heidegger chamaria de chamado do ser. Uma convocação sem palavras, mas que ressoa em você. Como se a própria vida dissesse: “Ouça. Há algo mais aqui”. A fé como escuta é uma forma de presença. É quando você não tenta mais explicar — apenas se coloca diante do que é, e escuta com o coração. Talvez você não ouça uma resposta. Mas vai perceber… que você não está sozinha. D...

O desespero de não ser quem se é

Tem gente que vive sorrindo… mas está se esvaziando por dentro. Vai cumprindo os papéis, os compromissos, as expectativas. Parece forte, parece em paz. Mas lá no fundo, tem uma dor que ninguém vê: a de não estar vivendo a própria verdade. Kierkegaard chamava isso de o pior tipo de desespero. Não o desespero que grita — mas o que silencia. Aquele que surge quando a gente se afasta de si mesma e passa a interpretar um papel para ser aceita, amada ou simplesmente tolerada. Esse desespero é sutil. Ele vai se instalando aos poucos. Primeiro a gente começa a calar. Depois começa a se adaptar. Até que, sem perceber, está vivendo uma vida que não faz mais sentido… mas da qual não consegue sair. A boa notícia é que esse incômodo pode ser o começo de uma volta. Carl Rogers dizia que a mudança só acontece quando a gente aceita quem é agora. Mesmo imperfeita, em dúvida, em reconstrução. A aceitação é o primeiro passo para a reconciliação com a própria essência. Esse desconforto q...

O chamado que vem da dor

Às vezes, a vida desmonta. As certezas evaporam. O chão some. E tudo o que a gente queria era voltar a sentir segurança, controle, clareza. Mas… e se for justamente nesse colapso que algo novo começa a nascer? O filósofo Karl Jaspers fala das "situações-limite" — momentos em que a existência nos obriga a parar, confrontar, atravessar. Não dá pra fugir, não dá pra consertar. Só viver. E escutar. É como se a crise puxasse uma cortina. Tudo o que estava encobrindo o essencial… cai. E o que sobra é o que realmente importa. Às vezes, sobra só você — despida das suas ideias antigas sobre si mesma. E esse pode ser o ponto de partida para se tornar quem você é. Viktor Frankl, que sobreviveu a um campo de concentração, dizia que a última liberdade humana é escolher a atitude com que respondemos à vida. Mesmo na dor, mesmo na perda, mesmo quando tudo desmorona — ainda temos a liberdade de olhar para dentro e perguntar: "o que isso quer me ensinar? o que ainda pode nasc...

Renovar a mente é recomeçar a vida

Mudar por fora pode até parecer transformação… mas a verdadeira mudança começa por dentro. É quando a gente percebe que o modo como pensa, sente e interpreta a vida já não sustenta mais o que se tornou. Romanos 12:2 fala sobre isso: “transformem-se pela renovação da mente”. Essa renovação não é um esforço mental… é um processo espiritual e existencial. É quando você começa a escutar com mais presença. A escolher com mais consciência. A viver com mais verdade. A fé, nesse caminho, deixa de ser um sistema de crenças… e passa a ser uma abertura. Uma entrega ao novo. Uma confiança de que é possível recomeçar — mesmo sem ter todas as respostas. Renovar a mente é aceitar que velhos pensamentos já não servem. É dar espaço a novos hábitos, novos ritmos, novas formas de estar no mundo. É silenciar o ruído de fora… para escutar a voz que vem de dentro. Essa renovação não acontece de uma vez. Mas começa com pequenas escolhas: de presença, de escuta, de alinhamento com a sua verdade in...

Amar é ver com verdade

Amar, de verdade, é um milagre cotidiano. É quando, por alguns instantes, conseguimos enxergar o outro sem filtros, sem moldá-lo à nossa imagem, sem exigir que ele seja o que precisamos. É quando o amor deixa de ser um reflexo das nossas carências… e começa a ser um espaço de encontro, de escuta, de revelação. Nesse instante, algo do sagrado acontece — porque toda vez que vemos o outro com verdade, tocamos também na essência do ser. Nem todo amor é encontro. Muitas vezes, o que chamamos de amor é só a tentativa de moldar o outro às nossas expectativas — uma projeção do que queremos, não um acolhimento do que é. Mas o amor, na sua forma mais profunda, não se baseia na idealização, e sim na revelação. É quando deixamos de olhar o outro como uma extensão das nossas faltas e começamos a vê-lo como um ser — único, livre, em processo. Kierkegaard dizia que o amor verdadeiro é dever: não no sentido rígido, mas como uma escolha consciente de ver e sustentar o outro em sua existênci...

Ser quem se é: Uma Jornada de coragem e enfrentamento

A pergunta sobre quem somos não é respondida com definições prontas. Ela é vivida. É enfrentada no atrito entre o que esperam de nós… e o que realmente pulsa dentro. Kierkegaard dizia que o verdadeiro eu não é encontrado — é construído. Tornar-se si mesmo é um ato de fé: fé no processo, fé no invisível que ainda estamos nos tornando. Mas esse processo nem sempre é confortável. Karl Jaspers nos lembra que muitas vezes só despertamos para a nossa existência mais autêntica nas situações-limite: momentos de crise, perdas, confrontos inevitáveis. Quando as respostas antigas desmoronam… e a única saída é atravessar. A identidade real não nasce da estabilidade. Ela se revela quando somos desafiados a escolher, a nos posicionar, a nos escutar mesmo quando tudo parece incerto. Ser si mesmo não é ser perfeito. É ter coragem de sustentar a própria presença no mundo, com todas as imperfeições, dúvidas e esperanças que nos tornam humanos. E talvez seja isso: não encontrar um nome defini...

A verdade que se vive no agora

A gente costuma pensar na verdade como algo fixo, objetivo, que precisa ser provado. Mas, no existencialismo cristão, a verdade não é uma ideia… é um encontro. Kierkegaard dizia que a verdade mais profunda é aquela que se torna parte de quem somos — uma verdade encarnada, que se vive com todo o corpo, com toda a alma. Não basta saber o que é verdade. É preciso viver de acordo com ela. Paul Tillich também apontava na mesma direção. No livro The Eternal Now, ele afirma que a verdade não está no passado, nem num ideal futuro. Ela se revela no agora eterno — esse instante em que o tempo toca a eternidade. É aqui, no presente, que a fé acontece. É aqui que a vida se transforma. A verdade não é só aquilo que se diz com palavras. É aquilo que se torna ação. Presença. Coragem. Viver com verdade é parar de fugir da realidade — e começar a responder ao que ela exige de nós. E isso só pode ser feito no agora. No instante em que você se permite ser quem é, sentir o que sente, e...

Transformar-se é voltar para si

Nem toda transformação parece grandiosa do lado de fora. Às vezes, ela é sutil — silenciosa até. Mas por dentro, algo se reorganiza. E a gente começa a se reconhecer de novo. Transformar-se não é abandonar quem se foi, mas acolher quem se é, com mais honestidade. Muitas vezes, o que chamamos de crise é, na verdade, um chamado: um convite para voltar à essência, para parar de fingir, de agradar, de correr atrás de uma versão de nós mesmos que não existe. Esse tipo de transformação não nasce de regras. Nasce do atrito entre o que vivemos e o que somos. Entre o que esperam de nós… e o que precisamos ser. É por isso que transformar-se dói. Porque exige escuta. Exige presença. Exige desapego das velhas respostas. Mas quando acontece — mesmo aos poucos — a gente começa a andar mais leve. Mais inteiro. Mais verdadeiro. E talvez seja isso: Transformar-se não é se tornar outra pessoa. É, enfim, voltar pra casa. Débora Aquino 

A vida começa quando encontramos sentido

Nem sempre é fácil saber o que a gente quer da vida. Às vezes, estamos tão ocupados tentando sobreviver, agradar, corresponder… que esquecemos de perguntar: "Por que estou aqui? O que faz essa vida valer a pena?" Viktor Frankl, psiquiatra austríaco e sobrevivente de campos de concentração nazistas, acreditava que a principal força que move um ser humano não é a busca por prazer ou sucesso — é a busca por sentido. Ele viu isso nos lugares mais sombrios: quando tudo parecia perdido, o que fazia alguém continuar respirando era o vínculo com um “porquê”. Uma causa. Uma responsabilidade. Um amor. Uma escolha interior. Frankl dizia: “Quem tem um ‘porquê’ enfrenta quase qualquer ‘como’.” E essa frase, tão simples, pode ser uma virada na nossa forma de viver. Transformar-se, nesse caminho, não é se tornar alguém perfeito. É começar a viver com propósito. É perceber que mesmo o sofrimento — quando é atravessado com consciência — pode nos levar a uma existência mais autênti...

A fé que fez sentido pra mim

Não foi uma crise, foi um processo. Um esvaziamento silencioso da fé que eu conhecia, até que um dia percebi: eu já não acreditava mais naquele Deus. Mas também não conseguia abandoná-lo por completo. Havia algo dentro de mim que ainda buscava. Ainda chamava. Ainda esperava. Cresci em uma família tradicional presbiteriana e, desde cedo, algo dentro de mim percebia uma desconexão entre o evangelho que lia nas Escrituras e a forma como ele era vivido nas igrejas. Mas eu não tinha ferramentas para questionar. Então, fui estudar teologia — acreditando que ali encontraria as respostas que buscava. Encontrei, sim. Mas foram respostas que primeiro me desmontaram. Descobri que existe um lado não mitológico da fé — uma dimensão simbólica e existencial que os teólogos conhecem, mas que raramente é compartilhada com as pessoas comuns. De repente, os mitos e imagens que sustentavam minha crença ruíram. Aquele Deus que me ensinaram a adorar desde a infância já não fazia mais sentido. Mi...

A Dúvida Como Parte da Fé: Um Olhar com Tillich e Kierkegaard

A dúvida nem sempre chega como um vendaval. Às vezes, ela vem como uma brisa incômoda. Um silêncio estranho. Um vazio que vai crescendo por dentro até a fé antiga não caber mais. Durante muito tempo, achei que fé e dúvida eram opostos. Que se eu estivesse duvidando, era porque minha fé estava fraca. Mas com o tempo — e com a ajuda de alguns pensadores corajosos — fui entendendo que a dúvida não destrói a fé. Ela a purifica. Paul Tillich dizia que a dúvida não é o oposto da fé, mas um elemento da própria fé. E isso muda tudo. Porque, ao invés de fugir da dúvida, somos convidados a atravessá-la. A confiar não apesar dela, mas junto com ela. Fé, nesse sentido, não é adesão a doutrinas prontas. Não é crença cega. É coragem. Coragem de continuar buscando, mesmo quando as respostas desaparecem. Coragem de permanecer em pé, mesmo quando o chão das certezas afunda. Kierkegaard, outro pensador que marcou minha caminhada, falava do “salto da fé” — um salto sem garantias. Ele ...

Angústia como Chamado à autenticidade

Você já se sentiu como se estivesse apenas seguindo o fluxo… sem estar realmente presente em sua própria vida? Heidegger chamaria isso de viver na inautenticidade — um estado em que deixamos o mundo nos dizer quem somos, o que queremos, e até o que devemos sentir. Mas há algo que pode romper esse automatismo: a angústia. E não aquela angústia comum, mas um vazio existencial que escancara o fato de que estamos jogados no mundo… e que a vida, um dia, vai acabar. O “Ser-Aí” e o esquecimento do ser Heidegger parte da pergunta mais básica — e mais esquecida — da filosofia: o que significa ser? Segundo ele, o ser humano é um “ser-aí” (Dasein), um ente que existe de forma consciente e se pergunta sobre sua própria existência. O problema é que vivemos distraídos, absorvidos pelo cotidiano, pela “tagarelice”, pela rotina. Vivemos no que ele chama de inautenticidade: um modo de ser em que nos perdemos no “se” impessoal — “se faz assim”, “se vive assim”. A angústia como ruptura É aí q...

Estética, Ética e Fé: Três estágios da existência segundo Kierkegaard

Você está vivendo ou apenas passando pelos dias? Talvez você nunca tenha se feito essa pergunta — ou talvez ela tenha te atravessado em algum momento de silêncio profundo, quando nada parecia fazer sentido. Kierkegaard, o pai do existencialismo cristão, nos oferece uma espécie de mapa para essa jornada interior: os três estágios da vida — o estético, o ético e o religioso. Mas atenção: esse não é um manual de autoajuda. É um convite perigoso à verdade sobre si mesmo. O Estágio Estético: a busca pelo prazer e a fuga do tédio No primeiro estágio, a vida é uma obra de arte. O indivíduo busca experiências intensas, beleza, prazer e evita, a todo custo, o tédio. Aqui, o maior inimigo é o vazio — e o maior medo é o comprometimento. Kierkegaard não condena esse estágio como um erro, mas como uma etapa inevitável. O problema é que, mais cedo ou mais tarde, a estética cansa. A vida se mostra repetitiva, sem propósito duradouro, e surge um mal-estar difícil de ignorar: a angú...

A arte de ser inteiro - Hans Rookmaaker

A arte é uma das formas mais profundas de dizer o que não cabe em palavras. Ela nasce da alma humana — da nossa alegria, angústia, esperança e desespero. Quando alguém pinta, compõe, dança ou escreve, está tentando dar forma ao que sente por dentro. É por isso que toda cultura tem arte: porque ser humano é precisar expressar o invisível. Hans Rookmaaker, historiador da arte e pensador cristão, viu nisso algo sagrado. Para ele, a arte não era um luxo ou uma distração, mas parte da nossa vocação original como criaturas feitas à imagem de um Deus criador. Ele dizia que a arte verdadeira é aquela que nasce do coração humano diante da realidade — seja ela cheia de luz ou marcada por sombras. Rookmaaker também acreditava que o cristianismo, quando mal compreendido, podia mutilar essa expressão. Ele criticava a religiosidade que reduz a fé a regras e doutrinas, ignorando a imaginação, o corpo, a cultura. Para ele, quando a igreja abandona a beleza, ela também começa a abandonar a ...

Coragem de Ser: Como Enfrentar o Vazio e Ainda Dizer Sim à Vida

Você já sentiu que está lutando para existir, como se estivesse à beira do vazio? A Coragem de Ser, nos convida a olhar de frente para a angústia mais profunda da alma humana: o medo de não ser. Mas, em vez de fugir, ele propõe algo surpreendente — ousar existir, mesmo diante do nada. Neste livro, Tillich mistura filosofia, psicologia e teologia para responder uma pergunta essencial: como podemos ter coragem para viver, mesmo quando tudo parece sem sentido? O que é coragem? Para Tillich, coragem não é a ausência do medo, mas a decisão de afirmar a vida apesar do medo. Ele diz que todos nós enfrentamos algum tipo de ansiedade existencial — seja o medo da morte, da culpa, ou da falta de sentido. Essas angústias nos mostram o quanto somos vulneráveis, mas também nos empurram para encontrar um fundamento mais profundo para a nossa existência. Ser como parte vs. Ser como si mesmo O livro mostra dois caminhos principais de coragem: A coragem de ser como parte, quando ...

Espiritualidade como Processo Existencial: entre o salto de fé e a coragem de ser

Enquanto o mundo corre atrás de fórmulas rápidas e respostas prontas, a espiritualidade verdadeira nos convida a algo bem mais profundo — um caminho sem mapas, onde o destino é o próprio processo de se tornar. Ela não se resolve em rituais ou certezas, mas acontece no silêncio, na dúvida, na coragem de seguir mesmo sem saber exatamente para onde. Talvez por isso ela seja tão transformadora. A espiritualidade, quando entendida como experiência existencial, não se limita a dogmas ou sistemas. Ela é o que Paul Tillich chamaria de uma "preocupação última" — aquilo que nos move no mais profundo, que dá contorno à nossa existência, que nos faz perguntar: quem sou eu? por que existo? há sentido em tudo isso? Para Søren Kierkegaard, o ser humano está constantemente diante de uma tensão entre o finito e o infinito. Ele não nasce pronto. Ele se torna. E esse tornar-se exige um salto de fé — não no sentido de crer em doutrinas fixas, mas de ousar existir com autentic...

Existencialismo Cristão: um caminho autêntico ao fundamento do ser.

E se a fé não fosse um pacote fechado de doutrinas, mas um salto ousado diante do absurdo? O existencialismo cristão nasce desse choque entre a finitude humana e a busca pelo eterno.  Em Søren Kierkegaard, encontramos o chamado para sair da superficialidade e encarar a vida com seriedade radical. Fé não é acreditar em proposições, mas um ato de coragem: a coragem de ser, apesar da angústia. No coração dessa visão está o reconhecimento de que ser humano é estar em processo. Não somos dados prontos, mas nos tornamos à medida que nos posicionamos diante da existência. O desespero, em Kierkegaard, não é apenas sofrimento psicológico, mas o sintoma de uma vida alienada de sua própria verdade. O remédio? O salto da fé. Mas não um salto cego—e sim uma entrega consciente ao mistério que nos fundamenta. Tillich amplia essa perspectiva, mostrando que a fé verdadeira não nasce do medo ou da necessidade de certezas, mas da aceitação da própria finitude. A angústia de saber que somo...

Liberdade ou Segurança? o dilema invisível das relações modernas

Queremos liberdade, mas também ansiamos por segurança. No entanto, será que podemos ter as duas ao mesmo tempo? Zygmunt Bauman, em Comunidade: A Busca por Segurança no Mundo Atual, nos lembra de um dilema inevitável: quanto mais liberdade temos, menos segurança sentimos; quanto mais segurança buscamos, mais abrimos mão da liberdade. Mas e se estivermos presos a uma ilusão? Vivemos em um mundo onde a segurança se tornou um produto de consumo e a liberdade, um fardo que poucos sabem como carregar. A promessa das comunidades modernas é nos dar pertencimento, proteção, identidade. Mas, no fundo, essas comunidades nos limitam, nos moldam e nos exigem conformidade. Ser livre significa, muitas vezes, sentir-se sozinho. Ao mesmo tempo, não podemos ignorar que o pertencimento é uma necessidade humana fundamental. Queremos fazer parte de algo maior do que nós mesmos, sentir que nossa existência tem sentido dentro de um grupo, ser reconhecidos e acolhidos. No entanto, Bauman, em Ident...

Fé não é o que você pensa- e isso pode mudar sua vida

Se você acha que fé é simplesmente acreditar em algo sem provas, talvez seja hora de repensar. Paul Tillich, um dos grandes pensadores do século XX, nos convida a enxergar a fé de um jeito radicalmente diferente: não como uma adesão cega a dogmas, mas como a força que nos impulsiona em direção ao que realmente importa. Em A Dinâmica da Fé, Tillich mostra que todos nós—cristãos, ateus, religiosos ou céticos—temos fé em algo. Fé não é sinônimo de religião; é aquilo que ocupa o centro da nossa existência, aquilo que define nossas decisões e dá sentido à nossa vida. Para alguns, pode ser Deus. Para outros, pode ser o sucesso, o amor, a ciência ou a busca pela verdade. Mas e se estivermos colocando nossa fé na coisa errada? A fé pode se tornar distorcida quando é colocada em algo que não pode sustentar o peso da nossa existência. Isso acontece quando transformamos doutrinas em ídolos, reduzindo a experiência do sagrado a meras fórmulas prontas. A verdadeira fé,  não é rígida...

O universo ao lado- As grandes cosmovisões que moldam nossa vida

Já parou para pensar no que realmente molda sua visão de mundo? Em O Universo ao Lado, James Sire explora as principais cosmovisões que influenciam a maneira como interpretamos a realidade—do teísmo cristão ao pós-modernismo. Cada uma delas responde de maneira diferente às grandes perguntas da existência: Quem somos? Por que estamos aqui? Qual é o sentido da vida? Entender essas perspectivas nos ajuda não apenas a compreender melhor o mundo, mas também a refletir sobre nossas próprias crenças e escolhas. As principais cosmovisões apresentadas no livro 1. Teísmo cristão – Deus é um ser pessoal, criador do universo, que se relaciona com a humanidade. A realidade é ordenada, tem um propósito e um fim direcionado por Deus. A moralidade, o conhecimento e o sentido da vida derivam d’Ele, e a história caminha para um desfecho planejado. 2. Deísmo – Deus criou o mundo, mas não intervém ativamente nele. O universo funciona como uma grande máquina autônoma, e o conhecimento deve ser ...

O Chamado para Existir: Entre a Angústia, a Fé e a Autenticidade

Você já teve a sensação de que ainda não é completamente você? Que algo dentro de você ainda está por se revelar, como se sua existência fosse um enigma inacabado? Se sim, bem-vindo ao mistério de ser humano. Desde os tempos antigos, filósofos e teólogos se perguntam o que significa existir — não apenas estar vivo, mas realmente ser. Heidegger, Kierkegaard e Tillich, cada um à sua maneira, nos mostram que a vida não é um estado fixo, mas um caminho de transformação. O Ser Como Possibilidade – Heidegger Martin Heidegger, em Ser e Tempo, argumenta que o ser humano não tem uma essência pré-determinada. Nós somos um projeto em aberto, lançados no mundo e desafiados a dar sentido à nossa existência. Mas há um risco: viver de forma inautêntica, apenas seguindo as expectativas da sociedade. Para Heidegger, só nos tornamos realmente nós mesmos quando enfrentamos a realidade da nossa finitude. A consciência da morte não deve nos paralisar, mas sim nos despert...

Tornar-se humano - Uma jornada em construção

  O ser humano não nasce pronto—ele se torna humano à medida que desenvolve consciência, amor e liberdade. Muitas leituras da tradição cristã enfatizam a fragilidade humana após a queda, mas as Escrituras e o pensamento filosófico também nos convidam a enxergar a vida como um processo contínuo de transformação.  E se a humanidade fosse menos sobre um estado fixo e mais sobre um caminho em construção?  ● A Criação como Chamado ao Vir-a-Ser  A narrativa da criação em Gênesis 2:7 oferece uma pista fundamental para essa abordagem.  O texto afirma que Deus "formou o homem do pó da terra e soprou em suas narinas o fôlego da vida, e o homem se tornou alma vivente." O verbo "tornar-se" já aponta para uma condição dinâmica, não estática.  O ser humano não é criado acabado, mas como um projeto em aberto.  Paul Tillich, em sua teologia existencialista, propõe que o ser humano vive na tensão entre a finitude e a liberdade, chamado a se realizar na busca pelo senti...

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