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Fé : A travessia sem garantias

Você já sentiu que precisava continuar, mesmo sem saber para onde? Como se algo em você já tivesse dito sim… antes mesmo da mente entender a pergunta? Esse é o lugar onde nasce a fé. Não como certeza. Mas como travessia. Kierkegaard dizia que a fé é o salto. Mas esse salto não é para escapar do mundo — é para habitá-lo com mais inteireza. A fé não é o fim da angústia. É o que te atravessa enquanto você carrega a angústia nos ombros e, ainda assim, escolhe não desistir de si. Tillich chama isso de coragem de ser. Não de qualquer ser — mas do seu ser mais verdadeiro, mais vulnerável, mais inteiro. A fé começa quando você reconhece que não controla, mas decide confiar. Confiar que viver com inteireza é mais importante do que viver com certeza. Essa é a fé que sustenta. A que te reconcilia com o absurdo da existência sem tirar sua dignidade de existir. Débora Aquino 

A angústia como lugar de passagem

A maioria das pessoas vê a angústia como algo a ser eliminado. Como se fosse um defeito no sistema. Mas Kierkegaard pensava diferente. Para ele, a angústia é o estremecimento do espírito diante da liberdade. Ela não é o fim. É o início. A angústia nasce quando algo em nós desperta. Quando sentimos que não dá mais pra viver no automático. Ela surge na fronteira entre o que já não somos… e o que ainda não conseguimos ser. É desconfortável. Às vezes doloroso. Mas também é revelador. No fundo, a angústia denuncia que estamos vivos. Vivos por dentro. Sensíveis demais pra fingir que está tudo bem. Corajosas o suficiente pra não seguir se anestesiando. Kierkegaard dizia que a angústia nos prepara para o salto. Tillich chamaria isso de kairós — o tempo fértil, o agora eterno. Esse é o tempo da sua travessia. E talvez, o tempo do seu renascimento. Débora Aquino 

O silêncio que revela quem você é

Vivemos cercados de vozes, externas e internas. Mas poucas vezes paramos para escutar o que realmente importa: A nossa própria alma. E talvez, Deus. Kierkegaard dizia que a verdade não é algo que se descobre "lá fora", mas algo que se torna verdade em nós. E para isso, é preciso silêncio. Tillich chamava esse silêncio profundo de “o agora eterno”. Um instante em que deixamos de correr e simplesmente estamos. Ali, algo se revela. Algo se encontra. A maioria das nossas crises não vem da ausência de respostas. Mas do excesso de ruídos. Ruídos que abafam as perguntas mais verdadeiras. Ruídos que nos mantêm na superfície, enquanto a alma grita por profundidade. A escuta silenciosa não é ausência de som. É uma postura de presença. É o lugar onde deixamos de tentar controlar e finalmente nos permitimos ser tocadas. E nesse lugar… talvez Deus fale. Talvez o seu verdadeiro eu comece a emergir. Não como um conceito. Mas como uma presença. Na espiritualidade viva, não é o mu...

Ser verdadeiro é responder ao chamado de ser quem se é

Muita gente fala de verdade como um valor moral. Mas, na jornada da existência, ser verdadeira não é apenas dizer o que se pensa — é ousar existir com inteireza diante de si, de Deus e do mundo. Para Kierkegaard, o desespero não é algo que sentimos apenas nos momentos difíceis. É a própria condição de quem tenta escapar de si — seja fugindo do que é, seja tentando ser o que não é. Desesperar-se é não suportar o peso da liberdade de existir, é perder-se ao tentar agradar, se encaixar, se esconder. E o que nos salva não é uma resposta pronta, mas um chamado: torna-te quem tu és. Tillich diria que esse salto em direção a si exige coragem. Fé, afinal, não é ausência de dúvida — é coragem de afirmar o próprio ser mesmo quando tudo parece instável. É confiar que há sentido mesmo quando não se vê. Frankl nos lembra que há liberdade mesmo no sofrimento, quando escolhemos responder à vida com inteireza — e não com máscaras. Ser verdadeira, então, é se reconciliar com tudo o que em v...

A Bíblia como espelho da existência

Você não está diante de um manual. Está diante de um espelho. A leitura existencial da Bíblia não procura respostas externas, mas verdades internas. Ela parte da ideia de que os textos bíblicos não foram escritos apenas para serem estudados… mas para serem vividos. Quando nos aproximamos com escuta, algo no texto nos atravessa. Não é mais sobre a vida de Abraão, Moisés ou Maria. É sobre a nossa. Sobre o medo que a gente sente, a culpa que carrega, os recomeços que deseja. Kierkegaard diria que a verdade só é verdade quando é vivida. Tillich acrescentaria que a palavra de Deus não é o que foi dito — mas o que nos atinge no agora. Por isso, ler a Bíblia de forma existencial é deixar-se confrontar. É permitir que a palavra nos leia. Você está disposto(a) a não apenas entender o texto… mas deixar que ele revele quem você está se tornando? Débora Aquino 

O silêncio que revela a fé

Às vezes, a fé não grita. Ela só sussurra. E só quem silencia por dentro consegue escutar. A gente cresceu achando que fé era barulho, resposta pronta, segurança absoluta. Mas há uma fé que nasce no espaço vazio — naquela hora em que não tem explicação, nem garantia. Só o silêncio. Fé não é sempre levantar as mãos e declarar com força. Às vezes é sentar em silêncio e respirar com coragem. Abrir um espaço interior. E esperar. Kierkegaard dizia que Deus fala mais claramente no silêncio. Tillich chamava isso de "o abismo do real": aquele momento em que tudo perde sentido, e mesmo assim você permanece. Heidegger chamaria de chamado do ser. Uma convocação sem palavras, mas que ressoa em você. Como se a própria vida dissesse: “Ouça. Há algo mais aqui”. A fé como escuta é uma forma de presença. É quando você não tenta mais explicar — apenas se coloca diante do que é, e escuta com o coração. Talvez você não ouça uma resposta. Mas vai perceber… que você não está sozinha. D...

O desespero de não ser quem se é

Tem gente que vive sorrindo… mas está se esvaziando por dentro. Vai cumprindo os papéis, os compromissos, as expectativas. Parece forte, parece em paz. Mas lá no fundo, tem uma dor que ninguém vê: a de não estar vivendo a própria verdade. Kierkegaard chamava isso de o pior tipo de desespero. Não o desespero que grita — mas o que silencia. Aquele que surge quando a gente se afasta de si mesma e passa a interpretar um papel para ser aceita, amada ou simplesmente tolerada. Esse desespero é sutil. Ele vai se instalando aos poucos. Primeiro a gente começa a calar. Depois começa a se adaptar. Até que, sem perceber, está vivendo uma vida que não faz mais sentido… mas da qual não consegue sair. A boa notícia é que esse incômodo pode ser o começo de uma volta. Carl Rogers dizia que a mudança só acontece quando a gente aceita quem é agora. Mesmo imperfeita, em dúvida, em reconstrução. A aceitação é o primeiro passo para a reconciliação com a própria essência. Esse desconforto q...

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