Às vezes, a fé não grita.
Ela só sussurra.
E só quem silencia por dentro consegue escutar.
A gente cresceu achando que fé era barulho, resposta pronta, segurança absoluta. Mas há uma fé que nasce no espaço vazio — naquela hora em que não tem explicação, nem garantia. Só o silêncio.
Fé não é sempre levantar as mãos e declarar com força.
Às vezes é sentar em silêncio e respirar com coragem.
Abrir um espaço interior. E esperar.
Kierkegaard dizia que Deus fala mais claramente no silêncio. Tillich chamava isso de "o abismo do real": aquele momento em que tudo perde sentido, e mesmo assim você permanece.
Heidegger chamaria de chamado do ser. Uma convocação sem palavras, mas que ressoa em você. Como se a própria vida dissesse: “Ouça. Há algo mais aqui”.
A fé como escuta é uma forma de presença.
É quando você não tenta mais explicar — apenas se coloca diante do que é, e escuta com o coração.
Talvez você não ouça uma resposta.
Mas vai perceber… que você não está sozinha.
Débora Aquino
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