Às vezes, a vida desmonta. As certezas evaporam. O chão some. E tudo o que a gente queria era voltar a sentir segurança, controle, clareza.
Mas… e se for justamente nesse colapso que algo novo começa a nascer?
O filósofo Karl Jaspers fala das "situações-limite" — momentos em que a existência nos obriga a parar, confrontar, atravessar. Não dá pra fugir, não dá pra consertar. Só viver. E escutar.
É como se a crise puxasse uma cortina. Tudo o que estava encobrindo o essencial… cai. E o que sobra é o que realmente importa. Às vezes, sobra só você — despida das suas ideias antigas sobre si mesma. E esse pode ser o ponto de partida para se tornar quem você é.
Viktor Frankl, que sobreviveu a um campo de concentração, dizia que a última liberdade humana é escolher a atitude com que respondemos à vida. Mesmo na dor, mesmo na perda, mesmo quando tudo desmorona — ainda temos a liberdade de olhar para dentro e perguntar: "o que isso quer me ensinar? o que ainda pode nascer aqui?"
A espiritualidade, nesse lugar, não é consolo fácil. É presença radical. É escuta do que está vivo, mesmo quando tudo parece ausente. É fé como reconexão com a realidade, não fuga dela.
Talvez você não esteja quebrada. Talvez você esteja sendo chamada.
Chamado não é sempre luz, resposta, caminho reto. Às vezes é silêncio. Às vezes é noite.
Mas é ali, no meio do escuro, que a sua escuta começa a mudar.
E onde a escuta muda… a vida pode recomeçar.
Débora Aquino
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