Amar, de verdade, é um milagre cotidiano.
É quando, por alguns instantes, conseguimos enxergar o outro sem filtros, sem moldá-lo à nossa imagem, sem exigir que ele seja o que precisamos.
É quando o amor deixa de ser um reflexo das nossas carências…
e começa a ser um espaço de encontro, de escuta, de revelação.
Nesse instante, algo do sagrado acontece — porque toda vez que vemos o outro com verdade, tocamos também na essência do ser.
Nem todo amor é encontro.
Muitas vezes, o que chamamos de amor é só a tentativa de moldar o outro às nossas expectativas — uma projeção do que queremos, não um acolhimento do que é.
Mas o amor, na sua forma mais profunda, não se baseia na idealização, e sim na revelação.
É quando deixamos de olhar o outro como uma extensão das nossas faltas e começamos a vê-lo como um ser — único, livre, em processo.
Kierkegaard dizia que o amor verdadeiro é dever: não no sentido rígido, mas como uma escolha consciente de ver e sustentar o outro em sua existência real.
Gabriel Marcel chamava isso de fidelidade — uma presença que permanece.
E Paul Tillich dizia que amar é aceitar o outro como ele é, e nesse encontro… experimentar algo do divino.
Amar, então, é um caminho espiritual.
Porque quando a gente vê o outro com verdade — e se deixa ver também — algo maior acontece ali:
um espaço de transformação, de escuta e de reconciliação com a vida.
Amar é, no fundo, abrir um lugar onde dois seres possam existir… sem precisar deixar de ser quem são.
Débora Aquino
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