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A Bíblia como espelho da existência

Você não está diante de um manual. Está diante de um espelho. A leitura existencial da Bíblia não procura respostas externas, mas verdades internas. Ela parte da ideia de que os textos bíblicos não foram escritos apenas para serem estudados… mas para serem vividos. Quando nos aproximamos com escuta, algo no texto nos atravessa. Não é mais sobre a vida de Abraão, Moisés ou Maria. É sobre a nossa. Sobre o medo que a gente sente, a culpa que carrega, os recomeços que deseja. Kierkegaard diria que a verdade só é verdade quando é vivida. Tillich acrescentaria que a palavra de Deus não é o que foi dito — mas o que nos atinge no agora. Por isso, ler a Bíblia de forma existencial é deixar-se confrontar. É permitir que a palavra nos leia. Você está disposto(a) a não apenas entender o texto… mas deixar que ele revele quem você está se tornando? Débora Aquino 

O silêncio que revela a fé

Às vezes, a fé não grita. Ela só sussurra. E só quem silencia por dentro consegue escutar. A gente cresceu achando que fé era barulho, resposta pronta, segurança absoluta. Mas há uma fé que nasce no espaço vazio — naquela hora em que não tem explicação, nem garantia. Só o silêncio. Fé não é sempre levantar as mãos e declarar com força. Às vezes é sentar em silêncio e respirar com coragem. Abrir um espaço interior. E esperar. Kierkegaard dizia que Deus fala mais claramente no silêncio. Tillich chamava isso de "o abismo do real": aquele momento em que tudo perde sentido, e mesmo assim você permanece. Heidegger chamaria de chamado do ser. Uma convocação sem palavras, mas que ressoa em você. Como se a própria vida dissesse: “Ouça. Há algo mais aqui”. A fé como escuta é uma forma de presença. É quando você não tenta mais explicar — apenas se coloca diante do que é, e escuta com o coração. Talvez você não ouça uma resposta. Mas vai perceber… que você não está sozinha. D...

O desespero de não ser quem se é

Tem gente que vive sorrindo… mas está se esvaziando por dentro. Vai cumprindo os papéis, os compromissos, as expectativas. Parece forte, parece em paz. Mas lá no fundo, tem uma dor que ninguém vê: a de não estar vivendo a própria verdade. Kierkegaard chamava isso de o pior tipo de desespero. Não o desespero que grita — mas o que silencia. Aquele que surge quando a gente se afasta de si mesma e passa a interpretar um papel para ser aceita, amada ou simplesmente tolerada. Esse desespero é sutil. Ele vai se instalando aos poucos. Primeiro a gente começa a calar. Depois começa a se adaptar. Até que, sem perceber, está vivendo uma vida que não faz mais sentido… mas da qual não consegue sair. A boa notícia é que esse incômodo pode ser o começo de uma volta. Carl Rogers dizia que a mudança só acontece quando a gente aceita quem é agora. Mesmo imperfeita, em dúvida, em reconstrução. A aceitação é o primeiro passo para a reconciliação com a própria essência. Esse desconforto q...

O chamado que vem da dor

Às vezes, a vida desmonta. As certezas evaporam. O chão some. E tudo o que a gente queria era voltar a sentir segurança, controle, clareza. Mas… e se for justamente nesse colapso que algo novo começa a nascer? O filósofo Karl Jaspers fala das "situações-limite" — momentos em que a existência nos obriga a parar, confrontar, atravessar. Não dá pra fugir, não dá pra consertar. Só viver. E escutar. É como se a crise puxasse uma cortina. Tudo o que estava encobrindo o essencial… cai. E o que sobra é o que realmente importa. Às vezes, sobra só você — despida das suas ideias antigas sobre si mesma. E esse pode ser o ponto de partida para se tornar quem você é. Viktor Frankl, que sobreviveu a um campo de concentração, dizia que a última liberdade humana é escolher a atitude com que respondemos à vida. Mesmo na dor, mesmo na perda, mesmo quando tudo desmorona — ainda temos a liberdade de olhar para dentro e perguntar: "o que isso quer me ensinar? o que ainda pode nasc...

Renovar a mente é recomeçar a vida

Mudar por fora pode até parecer transformação… mas a verdadeira mudança começa por dentro. É quando a gente percebe que o modo como pensa, sente e interpreta a vida já não sustenta mais o que se tornou. Romanos 12:2 fala sobre isso: “transformem-se pela renovação da mente”. Essa renovação não é um esforço mental… é um processo espiritual e existencial. É quando você começa a escutar com mais presença. A escolher com mais consciência. A viver com mais verdade. A fé, nesse caminho, deixa de ser um sistema de crenças… e passa a ser uma abertura. Uma entrega ao novo. Uma confiança de que é possível recomeçar — mesmo sem ter todas as respostas. Renovar a mente é aceitar que velhos pensamentos já não servem. É dar espaço a novos hábitos, novos ritmos, novas formas de estar no mundo. É silenciar o ruído de fora… para escutar a voz que vem de dentro. Essa renovação não acontece de uma vez. Mas começa com pequenas escolhas: de presença, de escuta, de alinhamento com a sua verdade in...

Amar é ver com verdade

Amar, de verdade, é um milagre cotidiano. É quando, por alguns instantes, conseguimos enxergar o outro sem filtros, sem moldá-lo à nossa imagem, sem exigir que ele seja o que precisamos. É quando o amor deixa de ser um reflexo das nossas carências… e começa a ser um espaço de encontro, de escuta, de revelação. Nesse instante, algo do sagrado acontece — porque toda vez que vemos o outro com verdade, tocamos também na essência do ser. Nem todo amor é encontro. Muitas vezes, o que chamamos de amor é só a tentativa de moldar o outro às nossas expectativas — uma projeção do que queremos, não um acolhimento do que é. Mas o amor, na sua forma mais profunda, não se baseia na idealização, e sim na revelação. É quando deixamos de olhar o outro como uma extensão das nossas faltas e começamos a vê-lo como um ser — único, livre, em processo. Kierkegaard dizia que o amor verdadeiro é dever: não no sentido rígido, mas como uma escolha consciente de ver e sustentar o outro em sua existênci...

Ser quem se é: Uma Jornada de coragem e enfrentamento

A pergunta sobre quem somos não é respondida com definições prontas. Ela é vivida. É enfrentada no atrito entre o que esperam de nós… e o que realmente pulsa dentro. Kierkegaard dizia que o verdadeiro eu não é encontrado — é construído. Tornar-se si mesmo é um ato de fé: fé no processo, fé no invisível que ainda estamos nos tornando. Mas esse processo nem sempre é confortável. Karl Jaspers nos lembra que muitas vezes só despertamos para a nossa existência mais autêntica nas situações-limite: momentos de crise, perdas, confrontos inevitáveis. Quando as respostas antigas desmoronam… e a única saída é atravessar. A identidade real não nasce da estabilidade. Ela se revela quando somos desafiados a escolher, a nos posicionar, a nos escutar mesmo quando tudo parece incerto. Ser si mesmo não é ser perfeito. É ter coragem de sustentar a própria presença no mundo, com todas as imperfeições, dúvidas e esperanças que nos tornam humanos. E talvez seja isso: não encontrar um nome defini...

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