Perfis de aprendizagem: O desafio da personalização do ensino


Já falamos algumas vezes aqui sobre perfis de aprendizagem, ou seja, a maneira como cada pessoa processa um novo conhecimento e constrói o seu próprio.

Existe uma diferença em como a pessoa percebe o mundo e como executa tarefas. Como sabemos, o aprendizado é uma construção que passa por etapas de percepção do novo, a dialética com o que já dominamos e a construção do novo conceito, que seria o novo aprendizado construído.

Chamaremos a forma de percepção do novo conhecimento de "canal de percepção", e a forma de construção e elaboração do novo de "canal de execução".

  • CANAIS DE PERCEPÇÃO:  Sistemas representacionais
As portas da percepção são os nossos sentidos. Nossos olhos, nariz, ouvidos, boca e pele são os nossos únicos pontos de contato com o mundo exterior. Da mesma forma nossos sentidos são usados para filtrar as experiências, também utilizadas para estruturar nosso pensamento e nossa comunicação. Segundo a Programação neurolinúística(PNL) existem três sistemas representacionais: Visual, auditivo e cinestésico.

Cada pessoa tem um sistema representacional predominante e adequar a comunicação ao sistema dominante do aluno é fundamental.


  • CANAIS DE EXECUÇÃO: Perfis de aprendizagem

Vimos com os sistemas representacionais a maneira mais prazerosa que cada um aprende, como compreende melhor algo novo. Agora vamos falar sobre a estratégia utilizada para realizar estas tarefas, independente do canal de percepção de cada um. Observe que estamos falando de coisas diferentes: como cada um percebe o novo, e como executa uma tarefa para aprender o novo. Neste caso teremos 4 perfis que são:


Muita informação??
Bom , agora vamos juntar isso tudo.
Posso ser autodidata auditivo? como assim?

Sim, uma pessoa autodidata/auditiva busca sozinha seu conhecimento, neste caso através de palestras, áudio books, podcasts, se liga em palavras e conceitos chave sobre o tema.

No caso de um autodidata/cinestésico, seria aquela pessoa que busca conhecer lugares, usa realidade aumentada, confecciona seu próprio material,,etc, tudo isso de forma autônoma e autodidata rsrs.

Ser autodidata, significa apenas que prefere buscar o conteúdo por si mesmo, sem depender de um professor, um curso ou coisa assim.

E assim por diante... E possível que algumas combinações sejam mais frequentes, como é o caso de um Experimental/cinestésico, por exemplo, mas nada impede de uma pessoa com canal de execução experimental tenha o canal de percepção auditivo mais forte, como no caso de um músico que gosta de improvisar.

Um aluno pode ser metódico/visual, metódico/auditivo ou metódico/cinestésico...e cada um com inúmeras possibilidades.

Na sala de aula, o professor deve direcionar as atividades pensando no canal de execução da atividade separando em grupos por perfil. O canal de percepção acontecerá naturalmente.

Uma pergunta básica é: Mas e se o professor for visual? não tenderá a propiciar mais atividades visuais visto que é a forma que ele próprio vê como mais eficaz?

Bom...no modelo de aulas tradicionais isto pode acontecer sim. Eu por exemplo sou visual, geralmente não tenho ganhos significativos em atividades cinestésicas como montar maquetes, jogos ou dinâmicas. Como sou visual, acho que esse tipo de atividade é só pra "enrolar" rsrs. Sei que isto não é verdade, pessoas com canal de percepção mais cinestésicos aprendem e muito com estas atividades que descrevi.

Quando adotamos um formato personalizado nas aulas este problema não acontece, pois cada aluno tem autonomia para priorizar tarefas em que apresentam melhor desempenho. No modelo tradicional, o foco é o professor e a explanação, no modelo personalizado o foco é o aluno e o aprendizado real.

Quando compreendemos isto, nos livramos do peso de conseguir manter todos atentos em uma atividade só. Esta transição é mais difícil para o professor do que para o aluno porque estamos acostumados a ter como tarefa manter 30 alunos atentos à nossa voz, e por vezes tratamos até como vaidade o fato de conseguirmos, mesmo que seja à força ou a custo de manipulações através de notas.

Infelizmente desenvolvemos um sistema doentio de relação com o aluno que não ajuda ninguém. É um ciclo de chantagens, trocas e punições que só contribuem pra acabar com a auto estima do professor.

Podemos superar isto, podemos fazer melhor! Podemos trazer de volta o prazer de aprender à medida que reconhecemos as diferenças e valorizamos o potencial de cada um.

Quando comecei a trabalhar assim, cada aula é um desafio prazeroso de promover a curiosidade e a criatividade tão presente em cada adolescente que passa por mim.

Sei que mudar é difícil, começar é difícil, mas acreditem: vale a pena!

Débora Aquino - Educação Criativa





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